Para que os mitos não ocultem a verdade
De Ana Rodrigues e Nuno Lobo Antunes.
Cerca de 5% dos jovens em idade escolar têm dificuldade em se concentrar nas aulas. Assim sendo,
é provável que na sua sala exista pelo menos uma criança com PHDA. O impacto desta disfunção na vida académica é enorme.
Conhecemos o sofrimento das crianças que se esforçam por ter melhores resultados, que tentam controlar-se e evitar problemas na aula e no recreio. No entanto, este empenho sem o apoio da escola traduz-se em frustração e, mais tarde, em abandono.
Os professores têm um papel fundamental na identificação das crianças com PHDA. A sua ajuda faz toda a diferença. Para o bem e para o mal.
Acreditamos que as atitudes só se alteram quando também mudam as convicções, e estas devem apoiar-se no conhecimento, e não em mitos que transformam as vítimas em réus.
A nossa responsabilidade como técnicos com larga experiência clinica, é educar os educadores, dando-lhes as ferramentas para que façam a diferença na vida das crianças que têm sob a sua guarda.
A PHDA existe, mas não porque as crianças jogam horas sem fim nas consolas, ou passam muito tempo na internet ou em frente à televisão. Ainda que esta seja uma realidade atual, não é por isso que as crianças não se concentram na escola.
O comportamento atípico baseia-se em disfunções neurológicas de natureza variada, e resulta da interação entre os genes e o ambiente. A impulsividade, desatenção e irrequietude não são frutos da má educação, preguiça ou desmotivação, mas o resultado de um funcionamento cognitivo diferente.
Estratégias adequadas na sala de aula permitem que estas crianças tenham a oportunidade de aprender. Se defendemos “uma escola para todos”, não podemos esquecer que há crianças cujas dificuldades não se veem na face, nem no corpo, mas sim no seu comportamento.
O nosso livro,
“Mais forte do que eu” pretende ajudar os professores (tal como pais e técnicos), a melhor compreender a natureza da PHDA.
A escola representa um grande desafio para a criança com PHDA, porque interfere com o desempenho académico e a sociabilização. Tentamos ajudar os professores a reconhecer e a intervir nesta disfunção tantas vezes mal compreendida. Descrevemos estratégias de modificação dos contextos para lidar com os comportamentos mais disruptivos, incluindo a avaliação e adaptação de materiais e conteúdos curriculares.
Esperamos que a nossa experiência vos seja útil, e que em conjunto possamos servir as famílias com PHDA.
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Através de uma parceria entre o portal LeYa Educação e o PIN - Progresso Infantil, instituição dirigida pelo neuropediatra Nuno Lobo Antunes, vamos refletir todos os meses, nesta secção, sobre crianças com necessidades especiais, e o que todos nós, família e educadores, podemos fazer por elas. Os textos são assinados por especialistas das diferentes áreas em análise. www.pin.com.pt |