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Flexibilizar ou facilitar? Eis a questão



Avaliar é o momento mais desafiante e difícil de cada professor. Independentemente da reforma, do Ministro de Educação, avaliar é um ato de enorme responsabilidade onde todo o trabalho, ou falta dele, é quantificado numa pauta.
O decreto-lei 55º, em articulação com as portarias 223º-A/226º-A de 2018, subjugadas ao Perfil do Aluno, vieram reorientar todo o processo avaliativo das escolas, depois de vários anos em que a política resultadista do Ministro Nuno Crato, formatou a escola num ensino claramente vertical, com critérios muito pouco flexíveis, onde os exames eram o principal foco do processo avaliativo.
A chegada do secretário de Estado João Costa veio rasgar com aquilo que se apelida de ensino tradicional. Palavras como “ajustamento”, “diversidade”, “adequação” são frequentes na nova nomenclatura, recordando os tempos da Ministra Maria de Lurdes Rodrigues, onde o que realmente importava eram os processos de ensino e não os resultados. Porém, o secretário de Estado João Costa quis ir mais além, dando uma autonomia às escolas para implementarem os seus próprios processos, rasgando com o sistema tradicional de avaliação, os testes.
Hoje, nas escolas. sente-se cada vez mais uma diferenciação pedagógica e a avaliação alargou horizontes, terminando com a ideia de que os testes são o Deus Todo Poderoso do processo avaliativo. Um desafio seguramente! Os professores são os primeiros a desconfiar de um processo que não constou na sua formação de base,  e que não tem qualquer garantia de continuidade, pois na educação tudo muda à velocidade de uma legislatura…
Mas, afinal, a flexibilização traz ou não vantagens para o aluno?
O sucesso é algo extremamente relativo. Um aluno que apresente muitas dificuldades pode ter mais sucesso do que um aluno que poucas ou nenhumas dificuldades apresenta. Tudo depende do ponto de partida e dos objetivos que definimos para os nossos alunos.
Então todos os alunos merecem nota máxima?
Não, claro que não! A sociedade precisa de hierarquias para funcionar e a escola faz parte dessa mesma sociedade. Haverá sempre alunos melhores e piores, mas os piores não precisam de ser eliminados.
O que se pretende com estas metodologias intituladas “modernas”, é permitir que a escola espere pelo aluno, ajuste o seu nível de exigência às suas dificuldades e valorize não apenas os conceitos cognitivos, mas também a formação integral de um futuro cidadão que se pretende na sociedade. De que adianta termos um médico com média de 20, se for uma besta no trato com os seus pacientes e colegas.
Avaliar é passar uma mensagem, é transmitir ao aluno o que pretendemos dele, mas, acima de tudo, serve para (re)orientar o seu caminho. Se a avaliação já era subjetiva, mesmo com todos os critérios de avaliação, a flexibilidade torna a subjetividade subjetiva, se é que me faço entender…
Tudo é relativo e, por isso, muitos apontam o dedo à flexibilização como uma falsificação do sucesso, um caminho romântico de harpas e corações, onde o facilitismo é rei e senhor.
Então a flexibilização é uma farsa?
Pode ser… Apesar de não assumir publicamente, o Ministério da Educação saberá seguramente das dificuldades que as escolas têm para tornar um ensino mais cooperativo ao nível da docência e o mais individual possível ao nível dos alunos.
As turmas são grandes, faltam condições ao nível das infraestruturas que impedem um modelo de ensino que fuja às tradicionais aulas expositivas e falta acima de tudo tempo para os professores trabalharem em articulação.
Em Espanha  por exemplo, os professores dão aulas de manhã e da parte da tarde trabalham em conjunto, tendo essas horas marcadas no seu horário.
A sensação que tenho é que a visão positiva do ensino do atual Governo, e que até me agrada, choca claramente com a realidade de muitas escolas. Se é verdade que a mudança faz-se mudando, rasgando preconceitos, experimentando e acreditando que é possível fazer melhor, também é verdade que muitas escolas não estão preparadas fisicamente e psicologicamente para esta mudança. E quando falo de escolas incluo as infraestruturas, os professores e até os pais.
O cansaço, a desmotivação, a descrença dos professores está em níveis tão elevados que mudar o ADN de um ensino é uma tarefa quase impossível. E depois temos a antítese do que se apregoa com os exames nacionais. Tudo é ajustável até ao ponto em que incluímos a palavra exames a partir daí a doutrina resultadista renasce e impera com toda a sua força.
A escola atual vive numa dicotomia entre a avaliação no ensino básico e no secundário, confundindo alunos, professores e encarregados de educação.
Em resumo, existe uma flexibilização por decreto, não deveria ser assim, a flexibilização deveria surgir da necessidade e carência dos alunos. As estratégias devem naturalmente ser ajustadas ao perfil dos alunos, mas nunca nos podemos esquecer que o esforço, a dedicação e até o espírito de sacrifício são fundamentais para o sucesso individual e coletivo. Cair no erro do facilitismo irá destruir toda uma geração, cabe a todos nós evitar que isso aconteça. Afinal, o mais importante é que os alunos aprendam. Independentemente das teorias, cabe sempre ao professor decidir o que é melhor para os seus alunos, com a humildade e responsabilidade que o caracteriza.



 
Alexandre Henriques
Professor, pai e autor do blogue ComRegras.


 
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