Pedidos de Materiais

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Errar é humano”. É uma expressão bem portuguesa e que todos nós reconhecemos como verdadeira em qualquer lugar… em casa, no trabalho, num encontro de amigos, na vida... em todo o lado, exceto na escola! Nesse lugar privilegiado de aprendizagem, o erro é algo dramático que deve ser evitado a todo o custo e que, regra geral, traz como consequência uma penalização para os alunos. Mas haverá aprendizagem sem erro? E todos sabemos a resposta: “Não.”

É fundamental reconhecer que o erro faz parte da aprendizagem, pois é pela consciência do erro que as crianças avançam. A análise do erro conduz a criança ao esclarecimento da sua dúvida e consequentemente à produção de conhecimento ou à confirmação de algo que já sabia, mas não tinha a certeza. E com isto não pretendo dizer que todas as crianças devem errar para aprender, mas sim que o erro deve ser encarado como um desafio a ultrapassar. E a escola, sendo o lugar por excelência das aprendizagens, é o lugar onde o aluno pode errar.

Todos nós já ouvimos uma criança de três anos dizer “Eu já fazi o jogo” ou “Eu trazi uma boneca para brincar”. E nesta idade, a nossa tendência é para esboçar um sorriso, pois compreendemos que a criança está a aprender a falar e desvalorizamos o erro. Na verdade, aquela criança já sabe a regra de utilização dos tempos verbais, mas ainda desconhece as exceções da sua utilização. No entanto, à medida que a criança cresce e se vai escolarizando, nós adultos somos menos tolerantes com o erro.

A atitude do adulto face ao erro da criança deve ser construtiva e ponto de partida para realizar um trabalho de questionamento e de reflexão: O que é que a criança errou? Porque é que a criança errou? Por que razão deu este erro e não outro? Que conceitos inerentes a este erro não estão a ser reconhecidos e/ou aplicados pela criança?

Ora tomemos como exemplo o erro ortográfico. O que faz com que as crianças cometam com frequência erros ortográficos e o que fazer face a esta situação? As causas do erro ortográfico são imensas e não importa aqui enumerá-las. É sabido que uns erram porque não dominam ainda as regras do código escrito, outros porque transpõem diretamente as palavras da oralidade para a escrita e outros ainda porque nunca visualizaram a palavra escrita e, sem o auxílio da memória “fotográfica”, têm dificuldades em escrevê-la corretamente. O que importa é a reflexão da própria criança sobre a forma como se escrevem as palavras. Essa reflexão é muitas vezes fundamental para a compreensão da razão do erro. Aspeto esse fundamental para uma escrita ortográfica com sucesso! Face a uma palavra escrita incorretamente, a criança é muitas vezes capaz de reconhecer sozinha o erro e ainda explicar a regra que não aplicou na escrita daquela palavra.

Mas qual é habitualmente a primeira reação do adulto face ao erro da criança? Corrigi-lo. E qual deve ser a atitude do adulto face ao erro da criança? Deixar a criança, em primeiro lugar, observar a palavra, tomar consciência do erro e localizá-lo. Em segundo lugar, permitir que a criança analise e corrija por si o erro, reconhecendo a regra ortográfica que não aplicou. E, por último, refletirem conjuntamente, adulto e criança, sobre o que levou ao erro. Este é um caminho garantidamente para o sucesso!


Os adultos podem ainda auxiliar as crianças na antecipação do erro e esta tarefa pode ser também muito útil neste percurso de uma escrita correta. Se tenho consciência de que o meu filho ou aluno erra sistematicamente num determinado caso, então, posso ajudá-lo construindo listas de palavras semelhantes em termos ortográficos ou listas de palavras que sejam ilustrativas da mesma regra ou exceção. É fácil para uma criança compreender que se a palavra “casa” se escreve com a letra “s”, então, casamento, caseiro, casario, acasalar e casar, escrevem-se também com a mesma letra. Este tipo de jogo linguístico pode ser divertido para a criança e ajudá-la a refletir sobre a forma da escrita das palavras.

Num dos intervalos das aulas, momento precioso em que os professores partilham as suas dúvidas e angústias, uma colega de profissão dizia-me mais ou menos isto que vos transcrevo:

Os meus alunos continuam a dar erros na escrita de textos e eu já expliquei todas as regras de ortografia, já fiz listas de palavras e tenho-as afixadas na sala de aula e todas as semanas faço exercícios específicos de “Caça ao erro”. Já não sei o que fazer. Mas o mais engraçado é que quando lhes devolvo os textos com as palavras que erraram sublinhadas, eles dizem: “Ah, pois é professora!” E riem-se do que escreveram.

 
Pareceu-me claro que quando a criança é chamada a fazer a análise do seu trabalho, ela consegue refletir sobre ele e melhorá-lo. E assim se dá a aprendizagem!
 
Paula Melo,
professora, formadora e autora do projeto PLIM! Português do 1.º Ciclo.

 
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