Pedidos de Materiais

This is the master sidebar.

This is appended to the master sidebar.

Os bullies



Mais um dia na escola. Os olhares, os risinhos, as bocas, os encontrões, os materiais que desaparecem, os papéis que voam na sala, os comentários na net... Vai começar tudo outra vez...

O bullying é uma realidade. Todos os dias, centenas de adolescentes têm medo de ir para a escola, têm medo de encontrar os colegas. Todos os dias, centenas de adolescentes querem abandonar a escola. Todos os dias, centenas de adolescentes faltam às aulas. Todos os dias, centenas de adolescentes pedem ajuda, em voz alta ou em silêncio. Todos os dias há bullying.
Eu tento, a sério que tento. Já procurei passar despercebido, ser transparente, mas eles encontraram-me sempre que queriam. Já me esforcei por ser simpático, mas tudo o que dizia era estúpido ou estranho e eles riam ainda mais, não comigo, mas de mim. Já tentei ser o inteligente que ajuda toda a gente, que faz os trabalhos de todos, que passa as respostas dos testes, mas nem um simples agradecimento consegui. Já optei por ser violento, verbal e fisicamente, mas eles eram mais fortes, mais agressivos. Tentei muito, perdi sempre.

As reações de rejeição por parte dos colegas são muito duras para o adolescente que as sofre. O sentimento de injustiça é muito agudo, até porque, normalmente, o adolescente só procura a aceitação. A autoestima tem tendência a baixar, o isolamento acontece e a tristeza está sempre presente.

Estar nas redes sociais é um pesadelo. Há sempre um comentário em que sou visado, uma foto em que fui apanhado a fazer figura de parvo, uma imagem em que tenho cara de porco, de burro, borbulhas, estou gordo, marreco...

Ser o alvo constante da troça dos colegas, física e virtualmente, é muito desgastante e não deixa o adolescente sentir-se calmo e relaxado, capaz de usufruir os momentos da vida ou de enfrentar as dificuldades normais do crescimento. Tudo passa a ter uma intenção negativa e ele sente-se sempre o alvo visado, até quando o não é.

Até já tentei falar com os meus pais, mas eles não perceberam que isto é sério. Deram-me conselhos banais, como “não ligues”, “são parvos”, “anda com outras pessoas”. Eles não percebem que não é isso. Não percebem que não funciona assim.

O bullying existe e exige uma atenção constante da parte da família, dos professores e dos colegas e amigos. Ninguém pode ter conhecimento de uma situação destas e ficar indiferente, não reagir.

O bullying exige um estado de alerta contínuo, uma atenção redobrada, um apoio constante. E não se pode esquecer aqueles que optam por ser os agressores. A educação tem de imperar; a escola não pode permitir tudo e as ações negativas deverão ter consequências para os infratores. Não é possível permitir a sobrevivência de um clima de terror na escola, no espaço onde se preparam os cidadãos para a vida. Que tipo de sociedade queremos construir?

Carla Marques
Doutorada em Língua Portuguesa (com uma dissertação na área do estudo do texto argumentativo oral); investigadora do CELGA-ILTEC (grupo de trabalho "Discurso Académico e Práticas Discursivas"); autora de manuais escolares e de gramáticas escolares (Edições ASA-LeYa); formadora de professores; professora dos ensinos básico e secundário; consultora permanente do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa.

 
< Ir para a lista de artigos de opinião
Olá! Olá
Ola Chat Olá!
CONTACTE-NOS!
Fale connosco

Fale connosco!

21 041 74 95 ou 707 231 231 

(dias úteis das 9h00 às 17h30)

https://apoiocliente.leyaeducacao.com/

Recuperar password

Recuperar password!