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Na escola amiga da criança, aprende-se a ser, a estar, a fazer e a construir saberes. É a escola das ciências e da cultura, das Línguas, das várias linguagens. O espaço onde algumas das primeiras vivências artísticas acontecem – até porque a escola vai militantemente ao museu, ao teatro, ao concerto, à biblioteca. Como vai ao monumento, ao campo e ao mar.

A escola amiga da criança é a que respeita e protege o ser humano, os animais e o ambiente, e educa para uma vida e uma alimentação saudáveis.

É a escola em que o telemóvel é deixado à entrada e recolhido quando a criança termina o seu dia de trabalho – para que assim possa desenvolver a concentração, a atenção às pessoas e às coisas, a capacidade de tomar a palavra e de ler textos com mais de 300 caracteres, bem como o gosto por jogar e praticar atividades desportivas.

É a escola em que professores e alunos, funcionários e pais constroem em conjunto a ideia de que a Educação é um valor em si, ao serviço do ser humano e da sociedade, e não um luxo, um aborrecimento, uma montra de egos, uma feira de vaidades.

É a escola onde o esforço, o pensamento crítico e a criatividade são valorizados; onde se sabe que a aula não pode ser uma festa, mas deve ser um lugar de progresso e realização individuais no contexto de um coletivo solidário e que tem a felicidade como projeto.

É a escola onde se aprende o valor da palavra dita e escrita; o valor do silêncio, da escuta e da organização; se aprende a convivência pacífica entre pessoas, e a que deve existir entre povos e culturas; se aprende a fraternidade, a compaixão pelo outro e a responsabilidade de cada um pelos seus atos e escolhas.

É a escola onde a dignidade de todos é respeitada, começando pela da criança e acabando na do professor, e passando pela do funcionário e a do encarregado de educação. Mas é, além disso, o lugar onde nunca se duvida de que o professor deve ser voz e símbolo de autoridade justa e positiva, respeitada e prezada pela comunidade.

É a escola que motiva para a aprendizagem e para a capacidade de respeitar o outro, independentemente de sexo, etnia, cultura, origem social ou fé religiosa. E independentemente das suas capacidades físicas ou intelectuais. Porque é também a escola que inclui e que valoriza as diferenças, sem deixar de ajudar ativamente a contrariar as desigualdades sociais e económicas.

É a escola que, no respeito pelas diferenças, preza os projetos coletivos e a competição de cada um consigo mesmo, ao invés da competição com os outros.

É a escola onde se ensina, se aprende, se estuda, se incentiva e se apoia, ao invés de se lutar por uma nota ou por um diploma.

É a escola onde se educa o gosto e se cria, em vez de se reproduzir o gosto comum e se fazer concessões à cultura de massas. É por isso um espaço onde se valoriza o belo, a leitura e a expressão literária, as artes e as expressões artísticas; onde se sabe que a música eleva e humaniza, e onde as tecnologias são um meio e não um fim.

É a escola que não se alheia do mundo e da História e procura, por isso, educar para a liberdade, a democracia, a justiça social e a participação cívica.

É a escola onde a amizade e a gentileza, a conquista da felicidade coletiva e individual e a aprendizagem do sensível serão sempre pedras de toque.

José António Gomes

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