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Ser Professor hoje: missão impossível?



Podíamos responder afirmativamente à questão do título deste apontamento. Sim, ser professor hoje é uma missão impossível. E enunciar os argumentos:
 
 
  • porque, para um número expressivo de alunos, a escola é uma “seca” e uma prisão e não estão disponíveis para trabalhar num registo de aprendizagem. E sabendo-se que o verbo aprender não suporta o imperativo, que o professor não pode aprender em vez do aluno, torna-se clara a impossibilidade da docência;
 
  • porque um número significativo de conteúdos programáticos são claramente excessivos e pessoal e socialmente inúteis, transformando os professores em funcionários de programas impossíveis de cumprir [isto na lógica da aprendizagem da generalidade dos alunos];
 
  • porque os professores são frequentemente desconsiderados e desautorizados e isso mina a possibilidade da sua inscrição profissional. Desautorizados, por vezes, pela administração educativa quando esta lhe prescreve o que ele tem profissionalmente de fazer, por alguns pais que não percebem que o professor é um bem de primeira necessidade na construção das identidades e da ordem social;
 
  • porque os professores são chamados a suprir todas as necessidades pessoais e sociais. Face a qualquer problema, a escola (e os professores) é chamada a responder gerando um efeito de transbordamento e desviando-a da sua missão central. E neste cenário os professores são um “faz tudo” que os desqualifica e proletariza;
 
  • porque a clausura da ordem industrial e o celularismo da ação profissional encerra os professores numa ordem solitária e infeliz, gerando frequentes fenómenos de desgaste e exaustão.

Tecidos 5 argumentos da impossibilidade, não queríamos encerrar o texto com este síndrome que nos menoriza. E respondemos agora num outro registo. Apesar de tudo, é possível ser, muitas vezes, professor. Quando os olhares dos alunos nos chamam e convocam. Quando vemos a gratificação e a alegria de aprender. Quando sentimos o reconhecimento dos pares e dos pais. Quanto somos incentivados a criar novos horizontes para a nossa ação profissional e nos afirmamos como autores. Quando se sente o pulsar de comunidades profissionais de aprendizagem onde a entreajuda e a colaboração são marcas indeléveis. Quando nos sentimos construtores de futuro e a nossa ação é social e politicamente reconhecida.

Vivemos, pois, entre a tensão da (im)possibilidade de ser professor. Mas com a viva esperança de que nos possamos redescobrir num horizonte que nos anime e gratifique. E esta é a condição essencial da nossa sobrevivência como pessoas e como professores.


 
José Matias Alves
Professor Associado Convidado na Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica Portuguesa
Diretor Adjunto da Faculdade de Educação e Psicologia
Coordenador do Serviço de Apoio à Melhoria da Educação (SAME)
Coordenador do Doutoramento em Ciências da Educação
Membro integrado do Centro de Estudos em Desenvolvimento Humano (CEDH-UCP)
Autor de livros e artigos no campo da administração e organização escolar

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